Muitas pessoas empreendedoras que começam intuitivamente no mundo dos negócios ainda acreditam que depois de um aporte inicial não é mais preciso investir na empresa. Elas imaginam que basta colher os frutos do trabalho em forma de lucro e, se as vendas caminharem bem, todos viverão felizes para sempre. No entanto, não é bem assim.
Celina Ramalho, professora da FGV – EAESP vai nos ajudar a entender melhor este assunto.
Leia a seguir:
– Por que você deve revinvestir o lucro da sua empresa
– Quando é hora de reinvestir
– Quais opções você pode escolher para reinvestir no seu negócio.
Direto ao ponto
Celina Ramalho afirma que não há conto de fadas no empreendedorismo. Para ela, reinvestir os lucros na própria empresa é uma questão de sobrevivência no mercado. “Em qualquer tipo de empreendimento o lucro líquido deve ser reinvestido antes mesmo da distribuição dos resultados”, ensina a especialista. De acordo com a economista, somente a reaplicação dos lucros consegue manter a empresa competitiva. Ela recomenda que, em média, de 15% a 30% do lucro líquido da empresa (mensal ou anual) deva voltar para o negócio.
A professora também explica que as maneiras mais comuns desse reinvestimento acontecer são: na estrutura da empresa, em inovações ou em projetos de longo prazo. Porém, antes de mais nada, é preciso distinguir “saldo positivo” de “lucro”. Sem isso, quem está empreendendo não sabe se está indo bem nos negócios, ou se a empresa apenas está passando por uma fase boa de vendas.
Lucro líquido sem mistérios
De acordo com a economista, é comum a confusão do saldo de caixa positivo com lucro líquido positivo. “O primeiro é a diferença positiva entre as entradas e saídas efetivas de caixa. Já o segundo é a diferença positiva entre as receitas e os custos, os impostos e juros”, explica.
Em resumo: o lucro líquido é o rendimento real de uma empresa. “Ele é determinado através do cálculo entre o valor total de entrada e o custo total da empresa após o desconto de impostos e juros”, diz a economista. Para descobrir o lucro líquido é preciso descontar todos os tipos de despesas administrativas, financeiras, de produção e os impostos. Por exemplo, se o seu negócio tem uma receita total mensal de R$ 10 mil e você gasta R$ 4 mil para a manutenção da empresa, custo de confecção do produto e contas a pagar, seu lucro bruto é de R$ 6 mil. Se os pagamentos de juros e impostos somam R$ 2 mil, seu lucro líquido é de R$ 4 mil naquele mês. Desse lucro líquido, de 15% a 30% devem ser reinvestidos no negócio ou em negócios paralelos.
Celina afirma que fazer o gerenciamento do fluxo de caixa é essencial para quem comanda o próprio negócio , ou seja, é essencial acompanhar de perto esse entra e sai de dinheiro, e nós temos aqui na plataforma uma ferramenta para te ajudar. Saber estes números de cor ajuda a tomar decisões financeiras, a prever problemas e a melhorar a saúde financeira do negócio.
Quando é hora de reinvestir?
A época certa para reinvestir os lucros depende de cada negócio e do momento da empresa. “O ideal é que seja feito logo que ela apresentar o primeiro retorno financeiro”, diz Celina. Um plano de negócios pode dar indicações da hora certa. “Se o plano de negócios for consistente e apontar indicativos positivos, é o momento de reinvestir”, ensina a economista.
Aplicar o lucro líquido no mercado financeiro é outra modalidade de reinvestimento. Celina explica que é possível buscar em instituições bancárias, plataformas financeiras de investimentos, e até em cooperativas de negócios. “Faça uma escolha racional e não assuma riscos sem pensar”, alerta.
Celina recomenda, ainda, tomar cuidado com falsas promessas de investimentos mirabolantes que prometem um retorno muito acima do mercado. “Esse tipo de opção pode implicar em risco muito alto”, diz. E faz um alerta para quem está com o dinheiro parado na conta: pense mil vezes antes de investir em negócios de parentes só para fazer um favor. “É preciso analisar e, se for necessário, dizer não. Evitar problemas financeiros deve ser seu objetivo, avisa.
Quem opta por reinvestir na estrutura da empresa têm algumas opções. Confira:
– Imóvel próprio
Pesquise bastante, compare as linhas de crédito e as ofertas do mercado imobiliário. Comprar uma propriedade é uma boa opção para sair do aluguel e ainda adquirir um patrimônio.
– Estrutura produtiva
Invista na troca de maquinário, no treinamento de colaboradores e na modernização dos sistemas de tecnologia para estar sempre à frente da concorrência. Adquira equipamentos, recursos digitais e softwares de ponta para todas as operações.– Cursos de capacitação ou aprimoramento
Faça cursos voltados para as áreas de inovação e tecnologia. Quando você investe em conhecimento todo o negócio ganha.
– Diversifique a franquia
Quem é franqueado pode reinvestir em uma nova loja de produto ou serviço concorrente. Dessa forma, consegue ampliar a abrangência de seu nicho de negócios. Também vale buscar uma franquia lucrativa em outro segmento de atuação. Se você atua com chocolates, por exemplo, pode reinvestir em uma franquia de cursos de idiomas.