Semana em Revista
< Voltar• Selic cai pela primeira vez desde 2012, acreditamos em um longo ciclo à frente
• Indústria e varejo indicam que a recessão continuou no terceiro trimestre
• IPCA-15 mais baixo do que o esperado em outubro
• Dados recentes reforçam cenário de estabilidade na China
Banco central inicia ciclo de corte de juros
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa Selic para 14,0% (Gráfico 1). O comunicado que acompanhou a decisão deixou as portas abertas para um novo corte de 0,25 p.p. em novembro ou para uma aceleração para 0,50 p.p. Acreditamos que a evolução dos dados e das notícias (especialmente com relação à aprovação das reformas fiscais) irá criar espaço para um corte de 0,50 p.p. na próxima reunião, mas conheceremos melhor a visão do Copom após a publicação da ata da reunião, na próxima terça-feira. De qualquer forma, acreditamos que existem condições para em um longo ciclo de cortes de juros à frente.
Atividade segue em recessão
Os dados de atividade continuam em queda. As vendas no varejo referentes a agosto recuaram tanto no conceito restrito quanto no ampliado (que inclui veículos e materiais de construção) (Gráfico 2). Na mesma linha, a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE mostrou que o volume real do setor recuou 1,6%. Com o desemprego elevado, que limita a renda do consumidor, entendemos que esses setores devem continuar fracos por um bom tempo ainda.
A queda do varejo em agosto de somou à decepção na produção industrial que recuou 3,8% no mês. Com estes resultados, nosso indicador de PIB mensal caiu 1,0%, reforçando a contração do PIB (divulgado pelo IBGE) no terceiro trimestre.
IPCA-15 mais baixo do que o esperado em outubro
O IPCA-15 subiu 0,19% em outubro, abaixo das expectativas. Com o resultado, a taxa em 12 meses desacelerou para 8,3%, vindo de 8,8% em setembro (Gráfico 3). A principal surpresa para baixo no mês veio dos preços de industriais. A inflação de serviços teve alta de 0,46%, em linha com o esperado, mas recuou no para 7,06% no acumulado nos últimos 12 meses.
Esperamos que a inflação continue a desacelerar à frente, tendência que deverá continuar ao longo de 2017. Projetamos a inflação em 6,9% em 2016 e em 4,8% em 2017.
Entrada de fluxos leva a uma apreciação do real
As notícias de entrada de recursos relacionados à regularização de recursos no exterior levaram a um comportamento favorável do real na semana. A taxa de câmbio atingiu 3,15 reais por dólar, com uma apreciação de 2%.
Dados recentes reforçam cenário de estabilidade na China
O PIB do terceiro trimestre na China cresceu 6,7% frente ao mesmo período do ano anterior, taxa parecida com a dos trimestres anteriores (Gráfico 4). O crescimento da produção industrial desacelerou para 6,1% em setembro, e as vendas no varejo avançaram de 10,7%. O investimento privado ganhou tração, compensando a desaceleração dos investimentos públicos em infraestrutura. Em nossa visão, a estabilidade recente da economia chinesa tende a se estender para 2017, uma vez que a transição política favorece estímulos ao crescimento e o mercado imobiliário deixou de ser um risco, entre outros fatores. Este cenário é favorável a economias emergentes como o Brasil.
Nos EUA, Hillary mantém a vantagem sobre Trump
As pesquisas divulgadas recentemente mostram que a vantagem da candidata Hillary Clinton sobre Donald Trump se manteve em torno de 5 p.p. (Gráfico 5). No Colégio Eleitoral, as pesquisas mostram Hillary com 358 votos, bem acima dos 270 necessários para vitória. As eleições estão marcadas para 8 de novembro. Em nosso cenário base, consideramos uma vitória de Hillary Clinton.
Banco central europeu mantém estímulos
O Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juros e o programa de compra de ativos em sua reunião de política monetária em outubro. O BCE destacou a necessidade da manutenção de estímulos na zona do euro nos próximos meses, e indicou que deixará para dezembro as discussões sobre a possibilidade de ampliação do programa de compra de ativos, quanto terá mais informações disponíveis para análise e realização de projeções macroeconômicas. Com a postura expansionista do BCE, as taxas de juros de mercado para prazos longos continuam ancoradas em níveis bastante baixos (Gráfico 6).
Conflito sírio intensifica incertezas globais
O conflito civil sírio, que se arrasta desde 2011, continua a gerar incertezas. Na terça-feira, a Rússia, maior aliada do presidente sírio Bashar al-Assad anunciou uma trégua de três dias nos bombardeios em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, para permitir que civis, milicianos e feridos deixem a cidade. Apesar da iniciativa, o governo americano vem classificando como "massacre" a ofensiva conjunta das forças sírias e russas na cidade. Nesse contexto, o clima entre Rússia e EUA gera mais incertezas acerca da resolução do impasse.
Destaques da próxima semana
No Brasil, as atenções voltadas para a divulgação da ata da última reunião de política monetária na terça-feira e para a votação em segundo turno do teto de gastos (PEC 241) na Câmara dos Deputados, que pode ocorrer a partir de terça-feira. Os dados fiscais e de setor externo serão divulgados, respectivamente, na terça e na quinta-feira.
No lado internacional, destaque para a primeira divulgação do PIB do terceiro trimestre dos Estados Unidos na sexta-feira.
Caio Megale
Laura Pitta
André Matcin
Para o relatório completo com gráficos e tabelas, favor acessar o pdf anexo.